quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

BOLSA BRASILEIRA LIDERA GANHOS NO MUNDO EM 2018 APESAR DO AUMENTO DA VOLATILIDADE



São Paulo, 14/02/2018 - A bolsa brasileira é a que mais sobe este ano entre os principais mercados internacionais, apesar do recente aumento da volatilidade, que fez os índices de ações caírem forte ao redor do mundo desde o começo de fevereiro. O Brasil e outros emergentes também vêm sofrendo com o aumento do nervosismo dos investidores nas últimas semanas, mas menos que os países desenvolvidos.

O Ibovespa acumulava ganho de 5,9% até o dia 13, superando o desempenho de mercados como China, Índia, Turquia, África do Sul e todos da América Latina, de acordo com dados do The Wall Street Journal, que considera os desempenhos das bolsas em moeda local. O ganho da bolsa brasileira na comparação mundial deve se ampliar ainda mais nesta quarta-feira. Na tarde de hoje, o principal índice da bolsa paulista subia 3% e acumulava alta de 9,1% no ano.

Os números com a variação em dólar também mostram o Brasil com valorização acima de outros mercados, de acordo com levantamento da Economatica, que também leva em consideração o desempenho dos índices até ontem. O Ibovespa acumula alta de 6,72% na moeda norte-americana, bem maior que a da Colômbia (+3,21%), México (+2,51%) e da bolsa argentina (-6,58%).

O desempenho do Ibovespa em 2018 é influenciado, sobretudo, pelos números de janeiro, quando a bolsa de São Paulo bateu sucessivos recordes puxados pelo apetite de investidores estrangeiros. Em fevereiro, o Ibovespa acumula queda, mas menor que seus pares internacionais.

Boa parte das bolsas mundiais acumula queda no ano e em fevereiro, principalmente os índices norte-americanas, mostram os números do WSJ. Só este mês, o Nasdaq e o S&P 500 já recuaram quase 6%, por conta da mudança de expectativa dos agentes sobre a política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). A avaliação é de que o BC dos EUA pode ter que subir o juro mais rapidamente do que o anteriormente previsto, por conta da aceleração da inflação.


 Desempenho das Bolsas Mundiais 
 País  Variação (%, em dólar)*  Variação (%, em moeda local)* 
Ibovespa6,725,89
Colômbia3,21-0,57
México2,51-2,89
Peru1,732,43
Nasdaq1,601,60
Chile1,30-1,15
Dow Jones-0,32-0,32
S&P 500-0,40-0,40
Argentina-6,580,37
Fonte: Economatica
(*) No ano até 13/2

Especialistas avaliam que a perspectiva para as economias do Brasil e dos emergentes em 2018 segue favorável. A consultoria Capital Economics destaca que a melhora de indicadores da conta corrente de diversos mercados, sobretudo o Brasil, indica que os emergentes ficaram menos vulneráveis aos choques externos. "Com a exceção da Argentina, as economias da América Latina estão melhor preparadas agora do que há alguns anos para uma deterioração global do apetite por risco e/ou para um aumento dos custos dos empréstimos", ressalta o economista da consultoria para a região, Edward Glossop.

O déficit da conta corrente do Brasil, que chegou a superar 4% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014, batendo recorde histórico, fechou o ano passado em 0,48%. "Grandes déficits em conta corrente são fonte de preocupação porque indicam que um país é muito dependente de capital externo para financiar o gasto doméstico", ressalta o economista da Capital Economics.

Mesmo com a alta de 2017, a gestora Lazard Asset Management vê potencial de ganhos para as bolsas de países emergentes este ano. "Os fundamentos das ações de emergentes estão no melhor nível em mais de uma década", ressaltam os estrategistas da Lazard em relatório, destacando que a inflação nessa região está baixa e a perspectiva é de que a lucratividade das empresas deve seguir melhorando e crescer 18% este ano.

As empresas de países emergentes estão avaliadas com um desconto de 25% em relação às companhias dos mercados desenvolvidos, em um momento em que a diferença de crescimento do PIB entre os dois grupos de países está se ampliando a favor dos emergentes, ressalta relatório da Lazard. Para a gestora, o avanço de algumas reformas está destravando o potencial de expansão de países como Brasil, Índia e China.

A previsão é de que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deve se acelerar de 0,8% em 2017 para 2,8% este ano e 3% em 2019, segundo o Crédit Agricole. "Sim, os grandões - Brasil e Rússia - saíram da recessão", escrevem os estrategistas do banco francês.

O Credit Suisse destaca em relatório esta semana que as bolsas e moedas de países emergentes têm demonstrado força, mesmo com as quedas registradas pelo índice S&P 500 da Bolsa de Nova York durante a última semana. Melhora das contas externas, inflação comportada e expectativa de crescimento do PIB ajudam a manter um cenário positivo para os emergentes, segundo o relatório do banco. (Altamiro Silva Junior)

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